domingo, 7 de dezembro de 2008

Sistema de gerenciamento digital dos elementos essenciais ao jornalismo impresso e análise crítica a partir da Teoria da Ação Comunicativa de Habernas

Proposta de sistema de gerenciamento digital dos elementos essenciais à construção da notícia no jornalismo impresso e análise crítica a partir da Teoria da Ação Comunicativa de Habermas
Artigo científico desenvolvido como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, sob a orientação do Prof. Dr. Claudio Schubert

Leandro Malósi Dóro1


Claudio Schubert2


RESUMO
O objetivo desse artigo é pesquisar quais são os elementos essenciais à formação da notícia no jornalismo impresso. Para isso, são conceituados alguns aspectos deontológicos e históricos da profissão e apresentados os resultados de um questionário respondido por dez jornalistas. A partir desses dados, é executado um fluxograma e proposto utilizá-lo como base em um sistema de gerenciamento digital dos elementos considerados, pelos resultados da pesquisa, essenciais à elaboração das notícias no jornalismo impresso. Após, é feita análise crítica sobre o uso desse sistema nas empresas jornalísticas via Teoria da Ação Comunicativa (TAC) de Jürgen Habermas, em especial as ações Estratégica, Normativa e Dramatúrgica e propondo, como uma saída possível, incorporar esse sistema a grupos profissionais regidos pela Ação Comunicativa Orientada ao Entendimento.


PALAVRAS-CHAVE
Jornalismo. Notícia. Sistema. Teoria da Ação Comunicativa.


ABSTRACT
The objective of this article is to carry out research on essential elements for journalism print. For such, there will be a set of duties of any professional category described in detail and with specific codes with a history of the job description to be presented as results of a questionnaire taken by 10 journalists. From this data, there will be a workflow to be used as a basis for a digital managing system of regarded elements, through research results, vital to news making and print. Later, there will be a critical analysis of the use of such said system in the news agencies through the Theory of Communicative Action, by Jurgen Habernas, in special, the strategic, normative and performing actions, and to propose this exit system to professional groups managed by Communicative Action Toward Understanding.


KEYWORDS
Journalism. News. Sistem. Theory of Communicative Action


1 INTRODUÇÃO
Quais são os elementos essenciais à formação da notícia no jornalismo impresso e como organizá-los? Após resgate histórico e de aspectos teóricos e deontológicos3 da profissão, é apresentado resultado de questionário aplicado a profissionais do jornalismo. A partir desses dados, é proposto um fluxograma e sugerido ser utilizado para criar um sistema de gerenciamento digital4 dos elementos essenciais à elaboração das notícias no jornalismo impresso. O uso desse sistema é analisado e criticado por meio da Teoria da Ação Comunicativa de Jürgen Habermas.
O herói Ulisses, na Odisséia de Homero, quer ouvir o belo canto das sereias, cuja melodia hipnotiza os homens, levando-os ao fundo do mar. Ulisses está em seu barco e pede aos seus marinheiros para colocarem cera nos ouvidos, para não serem seduzidos pelo canto das sereias. E Ulisses solicita ser amarrado ao mastro do navio para ouvir essa música sem se atirar ao mar (HORKHEIMER, ADORNO, 1991, p 24).
De modo idêntico, o jornalista utiliza a Teoria da Pirâmide Invertida para amarrar-se ao mastro da razão e descrever a notícia sem correr riscos, igual a Ulisses. E o leitor, como que surdo, não percebe certos aspectos das notícias. Porém o jornalista, refém dessa técnica, muitas vezes assume editorias que exigem uma lógica complementar à pirâmide. A sistematização formal desses conhecimentos é escassa5.
Por isso é importante determinar quais são os demais elementos essenciais ao exercício da profissão e oferecer novos instrumentos para que os jornalistas executem com mais eficiência suas tarefas deontológicas, todavia, atuando sob a égide da Ação Comunicativa Orientada ao Entendimento.


PROCEDIMENTOS METOLÓGICOS
Essa pesquisa se adequa nas linhas de pesquisa Estudos Culturais e Processos e Produtos Jornalísticos. Será realizada propondo determinar origens históricas e aspectos teóricos do jornalismo. Primeiro, será feita pesquisa exploratória, a partir da revisão bibliográfica, e, num segundo momento, a pesquisa de campo, aleatória simples, com levantamento de opinião por meio de questionário a dez jornalistas. Com esses dados, será realizada uma análise qualitativa via procedimentos históricos e analíticos.


2 CONCEITOS DE JORNALISMO IMPRESSO
Os termos jornalismo e jornalista derivam do latim diurnális que significa “relativo ao dia, diário” (HOUAISS, 2001, p. 1687). No Brasil, muitos jornais se chamam diários. Em espanhol, periódico. Em português, jornal significa fração diária.
O jornalismo impresso é tão antigo quanto a história. Originou-se com a escrita. Mendonça (2004) afirma que uma das primeiras publicações impressas surgiu em Roma para gerar comunicação entre a população, ou Urbe, e os membros do governo. Foram as Actas Diurnas Populi Romani que adquiriram regularidade quando Júlio César assumiu o Consulado de Roma e instituídas com o objetivo de ridicularizar os representantes do Senado Romano.
No ano 69 a. C, o imperador Júlio César determinou publicar o que era discutido nas sessões – antes sigilosas – do Senado, além de mandar divulgar os atos de interesse do povo, comunicar nomeações, divórcios, vitórias na guerra. Publicar, nessa época, era deixar ao conhecimento do público, colocando a mensagem em lugar onde pudesse ser lida. Essa decisão deflagrou um processo que, mais tarde, viria a dar origem aos conceitos que hoje caracterizam a imprensa no mundo ocidental (MENDONÇA, 2004, p. 6).
A queda do Império Romano também reduziu as possibilidades de comunicação nas sociedades e entre comunidades. Na Idade Média, aumentou a violência, o autoritarismo e praticamente desapareceram as publicações impressas. A invenção da prensa e dos tipos móveis, por Gutemberg, em 1450, deu um importante instrumento à imprensa. Todavia, nessa época, o ressurgimento das notícias foi como músicas e relatos, nas baladas cantadas pelos jograis ambulantes (KOVACH & ROSENSTIEL, 2003, p. 36 a 38).
O primeiro doutorado em jornalismo foi defendido em 1690. Tobias Peucer estudou as forma de relatar notícias. Encontrou elementos paleojornalísticos. Por exemplo, gregos, como Homero, ou romanos, como Júlio César, usavam nas suas narrativas uma estruturação textual (dispositio) semelhantes à técnica da pirâmide invertida (CASASÚS, LADEVÉZE, 1991).
O moderno jornalismo surgiu também no século XVII, graças às conversas nas casas públicas, como eram chamados os cafés e pubs em Londres. Os donos dos bares, chamados publicans, estimulavam diálogos de viajantes para que contassem o que tinham visto e ouvido no caminho. Essas informações eram registradas em livros, que ficavam no bar. Na Inglaterra existiam, inclusive, cafés especializados em informações específicas (KOVACH & ROSENSTIEL, 2003, p 37 e 38).
O nascimento da imprensa moderna também marcou o início da opinião pública, observada, pela primeira vez, por políticos ingleses, no século XVIII.
Na mesma época, os jornalistas/tipógrafos passaram a formular a teoria da livre expressão e da imprensa livre. Em 1720, dois jornalistas londrinos, escrevendo sob o pseudônimo “Cato”, introduziram a idéia de que a verdade devia ser uma defesa contra a difamação. Na época a lei comum inglesa havia determinado exatamente o contrário: não só qualquer crítica ao governo era crime, como “quanto maior a verdade, maior a difamação”, já que a verdade provocava maiores estragos (KOVACH & ROSENSTIEL, 2003, p 37 a 39).
Guerra (2003), no artigo O nascimento do jornalismo moderno, recorda que o Iluminismo, no século XVIII, foi base para erigir o jornalismo contemporâneo.
A razão, pilar central iluminista, garantiu ao indivíduo autonomia e negação de qualquer tutela:
Individualidade, razão e emancipação, três pilares do programa Iluminista, vão estar na base de uma série de transformações ocorridas na Europa, que operam uma revolução cultural no velho mundo. Na economia, a atividade agrária perde poder e prestígio para o comércio e a indústria, estes conduzidos pelas novas elites burguesas. Na política, os regimes absolutistas são superados pelas democracias liberais. Na ciência, os avanços do conhecimento nas áreas de exatas e da natureza impulsionam o desenvolvimento tecnológico. Na filosofia e ciências sociais, no homem, suas potencialidades e limites nas mais diferentes esferas da vida, torna-se objeto ele mesmo de profunda reflexão pelos pensadores da época. Esse ambiente de grande efervescência cultural produzirá as grandes matrizes de pensamento que vão estar na base da formação da atividade jornalística. A liberdade de expressão, por exemplo, que até então era objeto de sérias restrições por parte ora das monarquias ora da igreja, será um direito inalienável quando o liberalismo torna-se a força política e econômica hegemônica (GUERRA, 2003, p 2).
No final do século XIX, a sociedade norte-americana viveu uma mudança tecnológica e científica significante, através da qual os paradigmas religiosos passaram a ser substituídos por explicações científicas. A partir de então, desenvolve-se uma determinada mentalidade de que a realidade precisa ser observada, tanto na medicina quanto nas artes e no jornalismo, para que se possa conhecê-la. Dois conceitos passam a dominar neste momento cultural: realidade e fato. Objetividade se une a civilização (SPONHOLZ, 2004, p.144-165).
É a época do filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce (1839-1914). Ele criou o pragmatismo, divulgado no artigo How to make our ideas clear6 (1878). Inspirou-se na lógica, o empirismo, o darwinismo e o cartesianismo – conceitos em voga, na época. Propunha que a filosofia deveria se utilizar do determinismo inerente à ciência experimental, que comprova suas suposições a partir de testes práticos (JUNIOR, 2008, p. 7). Essa racionalidade influenciou a consolidação da base do jornalismo atual: a Pirâmide Invertida, popularizada pelas agências norte-americanas durante a 2a Guerra Mundial7.


2.1. LEAD E PIRÂMIDE INVERTIDA


Peucer, na sua tese doutoral, de 1690, intitulada De Relationibus Novellis, propunha que no relato “noticioso'' se respeitassem escrupulosamente as regras que mandavam indicar o sujeito, objeto, causa, maneira, lugar e tempo. Estes elementa narrationis acabam por corresponder às seis questões respondidas pela notícia e que integram, a partir do século XIX, o chamado Lead: quem, quê, quando, onde, como e por quê (CASASÚS, LADEVÉZE, 1991).
A Pirâmide Invertida e o Lead influenciaram as concepções teóricas da profissão. “Jornalismo é a busca da circunstância”, afirma o jornalista Alberto Dines. Segundo ele, o jornalismo é a técnica de investigar, arrumar, referenciar, distinguir circunstancias. Nas outras ciências afins e, através de veículos apropriados, trabalhamos as substâncias. O jornalismo, nesse sentido, é superficial e factual (DINES, 1986, p. 18).
Para Rossi (2002, p. 27), o “por quê” é a “questão central”. “Um jornalista que consiga responder, com o maior número possível de detalhes relevantes, às seis questões fundamentais de cada acontecimento (...) produzirá um trabalho jornalístico no mínimo aceitável.” Marshall (2003) destaca o pesquisador norte-americano Ted J. Smith III, da Universidade da Comunidade das Nações da Virgínia, que conclui que os jornalistas estão hoje muito aquém do que o público espera deles como profissionais da informação e como críticos sociais e políticos. Para chegar a esta conclusão, elenca quatro aspectos relacionados aos jornalistas, que podem ser resumidos em carência de conhecimento técnico; escasso rigor intelectual; ausência de reflexão, pressa na produção e, finalmente, excessivo foco nos efeitos, desprezando-se as causas dos fatos sociais8.


2.2 O QUE É NOTÍCIA


Há quatro vertentes teóricas que definem como se seleciona a notícia: a teoria do espelho, a teoria da agenda setting, a teoria do gatekeeper e a teoria organizacional.
Teoria do Espelho – Essa teoria afirma que as notícias são como são porque a realidade assim o determina. Esse ponto de vista surge influenciado pela invenção da fotografia. O jornalista deveria ser como um fotógrafo: simplesmente relatar a realidade da maneira como ela se apresenta, sem qualquer intervenção subjetiva. Essa visão ganhou seu bordão com uma declaração de um correspondente da Associated Press, em 1856: "O meu trabalho é comunicar os fatos: as minhas instruções não permitem qualquer tipo de comentário sobre os fatos, sejam eles quais forem".(apud DANTON, 2003)
Teoria do Agenda Setting – ela diz que as pessoas só discutem aquilo que está na mídia. Em segundo lugar, defende a posição de que a própria linguagem não pode funcionar como transmissora direta de significado inerente aos acontecimentos, porque a linguagem neutra é impossível. (DANTON, 2003)
Teoria do Gatekeeper – originalmente surgida no campo da psicologia e adaptada à análise comunicacional por David Manning White no anos 50, dá ênfase à ação pessoal. White acompanhou durante uma semana o processo de escolha de notícias por parte de um jornalista de meia-idade de um jornal médio norte-americano. A cada escolha, o jornalista, denominado Mr. Gates, deveria anotar as razões pelas quais aceitava ou não uma notícia vinda de uma agência. White concluiu que o processo de seleção é arbitrário e subjetivo. Assim, de acordo com a teoria resultante do estudo, o jornalista é um gatekeeper, um porteiro, que abre e fecha a porta para as notícias. (...) (DANTON, 2003)
Teoria Organizacional – criada por Warren Breed, insere o jornalista no seu contexto mais imediato: a organização para a qual trabalha. Breed dá destaque para os constrangimentos organizacionais pelos quais passam os jornalistas e considera que estes obedecem muito mais as normas e a política editorial/política da empresa, do que seus impulsos pessoais na hora da escolha das notícias (DANTON, 2003)
A pauta é onde essas teorias se refletem9.


2.3. FONTES


Em geral, para produzir notícias, o repórter necessita de fontes, que são as pessoas utilizadas para descobrir ou construir notícias. Lage (2001) dividiu as fontes em três categorias: as oficiais, oficiosas e independentes. De acordo com Lage:
Fontes oficiais - são mantidas pelo Estado, que preservam algum poder de Estado, mantidas por juntas comerciais, empresas, sindicatos, associações, ONGS, empresas, organizações e outros. São consideradas as mais confiáveis e muitas vezes seus dados são tomados como verdade. Entretanto, historicamente, fontes oficiais mentem, omitem e sonegam. (LAGE, 2001, p. 25-26)
Fontes oficiosas - são as ligadas a uma entidade ou indivíduo, mas não estão autorizadas a falarem em nome dela ou dele. Podem ser preciosas por desvendarem manobras como as citadas acima.
No entanto, protegidas em regra pelo anonimato – o que dizem deve ser publicado off the record, isto é, sem menção da origem da informação, são o veículo predileto para os balões de ensaio anúncios de medidas feitos como objetivo de medir reações e que, portanto, provavelmente não se confirmarão. Eventualmente, prestam-se também a veicular boatos, objetivando algum fim escuso: denegrir a imagem de alguém, provocar o aborto de uma política em gestação, interferir numa decisão eleitoral, etc. (LAGE, 2001, p. 25-26)
Fontes independentes - são as desvinculadas de uma relação de poder ou interesse específico (LAGE, 2001, p. 25-26).
Lage também recorda a criação de agências de notícias no início do século, das assessorias de Comunicação nas últimas décadas e mais recentemente dos processos de Media Trainnig nas empresas. O nascimento dessas empresas e setores gera uma profissionalização das fontes10 – privilégio de quem tem funcionários (2001, p. 25-26)


2.4. REALIDADE ANTROPOLÓGICA DAS REDAÇÕES


Esses procedimentos técnicos ocorrem nas redações dos jornais. Nogueira (2002) conviveu na redação de um grande jornal, analisando-a antropologicamente. Segundo ela, a hierarquia dos profissionais dentro das redações é claramente definida e reconhecida em termos de autoridade e função (NOGUEIRA, 2002, p. 62).
De acordo com Nogueira (2002) os que ocupam os níveis mais altos da hierarquia têm maior responsabilidade sobre o produto final, o jornal impresso e, de modo geral, detêm maior prestígio e status em relação aos colegas.
Na base hierárquica das redações, normalmente encontram-se fotógrafos e repórteres e, em um movimento ascendente, redatores, chefes de reportagem/pauteiros, subeditores, editores, editores executivos, editor-chefe e diretor de redação. Acima dos editores, os demais níveis formam o Aquário, termo que designa tanto os locais quanto os indivíduos que ocupam salas posicionadas estrategicamente dentro das redações, compostas por divisórias com a parte superior em vidro, de onde se pode observar toda a redação, mas que possuem uma certa privacidade por contarem com persianas que, se acionadas, impedem que quem está de fora veja o que ocorre lá dentro. Há ainda diagramadores, profissionais da rádio-escuta, os editorialistas e os colunistas, além dos profissionais da informática (NOGUEIRA, 2002, p. 63-64).
A reunião de pauta é onde os jornalistas e editores atuam na elaboração e avaliação das notícias e reportagens publicadas. Segundo Nogueira (2002), ao observar-se o desenrolar das reuniões, percebe-se que todos os presentes dominam um certo código11 comum que define quem fala o que e em que ordem, quem inicia e encerra o encontro, quem senta em que lugar da mesa. Pode-se, nesse sentido, falar então da existência de um sistema de códigos de conduta que os jornalistas devem dominar (NOGUEIRA, 2002, p 67).
No jornal, conforme Nogueira (2002):
“(...) é como se os jornalistas construíssem uma determinada forma de trabalhar e uma certa imagem de si que levariam-nos ao reconhecimento desejado de seus chefes e colegas de redação e de profissão. As boas relações são sustentadas pela utilização adequada da etiqueta dominante no meio. O domínio desse código de condutas é expresso pelo entendimento de que, nas reuniões, aquele que ocupa o lugar mais alto no nível hierárquico indica seu início e seu término. Em última instância, qualquer decisão é tomada por ele.” (NOGUEIRA, 2002, p. 67).
Além disso, é importante discutir, discordar ou marcar alguma posição, porém existe um limite em que a palavra final do seu superior deverá ser acatada; e alguns editores, porque comandam determinadas áreas, têm mais prestígio do que outros, sua opinião possuindo maior peso em momentos de avaliação das matérias publicadas. A reunião de pauta torna-se, assim, uma boa oportunidade para a verificação do status e do prestígio dos editores e suas respectivas editorias junto ao editor-chefe. (NOGUEIRA, 2002, 67-68).


3 RESULTADO DA PESQUISA, PROPOSTA SISTÊMICA E ANÁLISE CRÍTICA VIA TEORIA DA AÇÃO COMUNICATIVA


Após a coleta de dados, passou-se a analisar e interpretar os resultados obtidos da aplicação da pesquisa. A mesma foi respondida por jornalistas dos estados da Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Conforme a questão 1, dos 10 entrevistados que responderam ao questionário, 7 são bacharéis em Jornalismo, 1 em Filosofia (com 15 anos de profissão), 1 cursa Jornalismo e 1 é bacharel em Jornalismo e pós-graduado em Jornalismo Político. Na questão 2, 1 entrevistado afirmou atuar na profissão há 1 ano; 1 há 2 anos; 1 há 5 anos; 1 há 6 anos; 1 há nove anos; 1 há 12 anos; 1 há 14 anos e 3 há 15 anos. Na questão 3, 5 responderam trabalhar na editoria de geral, 1 na de de Geral e de Polícia e 1 na de Cultura, 1 na de Jovem, 1 na de Esportes e 1 na de Política. Na questão 4, 3 entrevistados afirmaram atuar há 1 anos na editoria; 2 há 1,5 ano; 1 há 2 anos; 1 há 4 anos; 1 há dez anos e 2 há 15 anos. Na questão 5, 8 entrevistados afirmaram já ter atuado em Geral; 1 em Agricultura; 3 em Esportes; 3 em Polícia; 1 em bairros; 1 em jovem; e 3 em Política.
Na questão questão 6, dos 10 entrevistados, a totalidade afirmou que nas editorias em que atuaram conseguiram utilizar os conhecimentos que almejavam manipular, quando buscaram a profissão, demonstrando crer estar aptos para exercer a profissão. Um dos entrevistados justificou sua resposta afirmando: “adquiri boa parte desses conhecimentos além da faculdade de Jornalismo”.
A partir da questão 7, o questionário solicitou que os entrevistados marcassem as alternativas das questões com números de 1 a 5, sendo 1 mais importante e 5, menos importante. Na questão 7, a pergunta era “Quais estruturas são necessárias ser conhecidas em sua editoria?”. Como opção, foram apresentados (1) governamentais, (2) empresariais, (3) terceiro setor e (4) outros, onde o entrevistado, se assinalasse essa alternativa, foi convidado a explicar o motivo. O resultado foi o seguinte:

Em outros, um dos entrevistados afirmou que a outra estrutura importante na editoria é conhecimentos gerais. Essa resposta deve ter sido impulsionada por alguma dificuldade em compreender a pergunta, mas reitera a necessidade do jornalista ter formação generalista. Outro respondeu que é essencial conhecer confederações esportivos (empresariais).
Na questão questão 8, a pergunta “Quais fontes são mais importantes para o jornalista?”, Foram dadas as opções (1) Oficiais, (2) Oficiosas (3) independentes e (4) Outros. O sistema de valoração solicitado foi de 1 a 5.
O resultado foi o seguinte:

A partir da questão 9, os entrevistados marcaram x para as perguntas onde as respostas deveriam ser (1) Essencial, (2) Necessário e (3) Desnecessário, com pedido de justificativa para esse última opção.
Na questão 9, a pergunta foi “qual necessidade de conhecer os principais expoentes teóricos para exercer suas tarefas jornalísticas?”.
O resultado foi o seguinte: Um dos entrevistados justificou a opção desnecessário, afirmando: prática da profissão diverge da teoria idealista. Nessa justificativa, verificou-se que o jornalista nega a necessidade da formação teórica como essencial, dizendo ser a pragmática importante à profissão.
Na questão 10, a pergunta foi “qual necessidade de dominar aspectos históricos em sua editoria?”.
O resultado foi o seguinte:



Um dos que optou por essencial justificou: especialmente sobre história local. Isso demonstra da importância de conhecer a história da comunidade para a qual se escreve.Na questão 11, a pergunta foi “quais ciências são exigidas do profissional atuante em sua editoria?”.
O resultado foi o seguinte:



As humanas foram citadas por quatro. Dois especificaram os conhecimentos exigidos: um afirmou ser Jurídicas, Psicologia, Sociologia e um Psicologia, História, Sociologia, Economia, Lingüística e Antropologia. As exatas foram assinaladas por 9 e um especificou quais: além da Matemática, Estatística, Geografia e a Ciência da Computação. Um respondeu que Ciências Humanas e as Exatas são essenciais, ao mesmo tempo, para atuar nas editorias.

Na questão 12, a pergunta foi “qual a importância de conhecer diferentes versões da notícia, em sua editoria?”. Dos 10, 8 consideraram essencial e 2 necessário.

Na questão 13, a pergunta foi “qual é a necessidade de conhecer outros jornalistas que atuam em sua editoria?'. Dos 10, 6 essencial e 4 necessário.

Na questão questão 14, a pergunta foi “Qual é a necessidade de recorrer aos arquivos do jornal para elaborar notícias?”.Das 10 respostas, 1 considerou essencial, 7, necessário e 2 desnecessário.
Um dos que consideraram desnecessário os arquivos dos jornais justificou: só no caso de pesquisa histórica ou como sugestão de pauteiro. Outro entrevistados que disse ser desnecessário afirmou que, por sua editoria ser dinâmica, não recorre aos arquivos de notícias. Um que considerou essencial recorrer aos arquivos jornalísticos, justificou ser importante para compreender antecedentes de criminosos, a incidência de determinados delitos, etc.
Na questão 15, a pergunta foi “qual é a necessidade de manter diálogos extra-redação (social) para auxiliar em sua editoria?”. Das 10 respostas, 7 essencial e 3 necessário.
Um dos entrevistados que assinalou essencial recorrer a diálogos extra-redação, justificou que podemos descobrir informações valiosas, como o andamento de determinadas investigações criminais, quem são os “bandidos do momento”, etc.

Na questão 16, a pergunta foi “Disserte sobre quais são os demais elementos essenciais em sua editoria”.
Dos 10 questionários, 4 retornaram com resposta a essa pegunta12.
As respostas obtidas dos entrevistados demonstram que é possível criar um fluxograma para organizar as informações manipuladas pelo jornalista, para ser base de um sistema de gerenciamento digital dos elementos essenciais a elaboração de notícias.


O fluxograma foi criado a partir dos dados coletados do questionário, somados a preceitos teóricos, históricos e deontológicos, oferecendo mais importância às fontes (LAGE, 2001) e a Lei da Proximidade Geográfica, em que notícias, organizações ou fontes de todos os âmbitos geográficos são úteis se relevantes à realidade dos consumidores do jornal.
A análise propõe que o sistema classifique as fontes em âmbitos (internacional, nacional, estadual, regional e municipal), conforme a Lei da Proximidade Geográfica
Os âmbitos (internacional, nacional, estadual, regional e municipal) apontam para as fontes Oficiais (diretores, funcionários, assessoria de imprensa, etc, que respondam oficialmente), Oficiosas (ligadas à instituições objetos da notícia, mas sem ser fonte oficial) e independentes (LAGE, 2001). Essa última (independentes), o fluxograma aponta que o jornalista a acessa por meios diferentes das oficiais e oficiosas. Porém, também devem ser classificadas em âmbitos (internacional, nacional, estadual, regional e municipal). Há uma seta que aponta para os demais jornalistas da editoria, que atuam ou atuaram ou estão nesse ou outro órgão de comunicação. Isso significa que os mesmos podem ser classificados como fontes oficiais, oficiosas ou independentes.
Os demais jornalistas encontram-se na segunda metade do fluxograma. Nesse setor estão os elementos com menor importância classificatória ou onde houve mais discordância nas respostas do questionário. Os mesmos constam no fluxograma como também importantes a execução das notícias.
Os diálogos sociais também possuem ligação com as fontes oficiais, oficiosas e independentes, entretanto também são os consumidores das notícias.
Os conhecimentos científicos relevantes à editoria são apontados como humanas e exatas. E eles apontam para os expoentes teóricos vinculados à editoria, que, portanto, auxiliam ao jornalista a compreender o conteúdo técnico das informações que manipula. São fontes classificadas à parte, mas com uma seta mostrando sua ligação com as oficiais, oficiosas e independentes.
Os dados históricos relevantes a editoria são apontados à seguir, e esses têm seta para o arquivo do jornal, essencial para o histórico da notícia. Porém, nos conhecimentos históricos relevantes, os arquivos do jornal não são as únicas fontes. O conhecimento de história é essencial. Ainda há uma ligação com a legislação, que pode ser específica a cada editoria. Essa contribuição foi oferecida por um dos jornalistas que responderam o questionário, vinculado a editoria de Polícia.
Há elementos que não constam no questionário, mas importantes: a linguagem, cujo método de consulta usual são os dicionários, e o acompanhar a concorrência.
Esse fluxograma, como foi proposto no início desse artigo, tem o objetivo de servir como base para criar um sistema de gerenciamento digital dos elementos essenciais a elaboração de notícias que, futuramente, pode ser transposto para UML (Unified Modeling Language), servindo de base para definição de programas que serão utilizados na produção de softwares de pesquisa e validação qualitativa de fontes de informação jornalística. (LIMA JÚNIOR, 2006). Após criado, o software será alimentado pelos jornalistas que o possuírem.
Os jornalistas irão informar quais são as fontes locais, empresas, ONGs, etc. Atualizar os dados constantemente, e inclusive criar novos objetos para serem catalogados no sistema de gerenciamento digital. Por exemplo, gerar relatórios de atendimento diário de telefonemas e e-mails a editoria, semelhante ao adotado em setores administrativos de empresas.
Porém, a Teoria da Ação Comunicativa, de Jürgen Habermas, afirma que os comportamentos sociais possuem três orientações que podem fazer mau uso desse sistema: a Ação Estratégia, Ação Normativa e Ação Dramatúrgica, sendo que um quarto elemento, a Ação Comunicativa Voltada ao Entendimento, é aquela que possibilita aos comunicadores atuarem em cooperação, utilizando o sistema de maneira mais justa.
A Ação Estratégica objetiva executar regras orientadas ao êxito individual ou do grupo, preocupando-se apenas com o resultado final, o êxito individual. Schubert (2006) afirma que em busca do êxito, os sujeitos atuam principalmente influenciando as decisões das outras pessoas, visando, no entanto, o seu próprio interesse. Por isso a busca do êxito estratégico é limitada, quando há relação interpessoal. A comunicação estratégica serve especialmente em algumas situações bem definidas, como no momento de estabelecer a importância estratégica do uso do sistema de gerenciamento digital, na redações. Entretanto apresenta lacunas nas relações interpessoais. Em vez de uma ação de cooperação, espera-se dos participantes atitudes de obediência orientadas ao êxito conforme a definição de quem comanda. Ou seja, na Ação Estratégica, a implantação do sistema digital, no caso, acontece do líder para os comandados.
Conforme também a Ação Estratégica, no momento em que esse objeto organizativo é inserido no cotidiano das redações, ele torna-se um instrumento que representa o tipo de dominação presente no mercado econômico. Insere-se nas relações interpessoais entre jornalistas, já que esse instrumentos se propõe a maximizar resultados profissionais. Portanto, pode se tornar objeto de disputas de poder entre profissionais e grupos.
Outro comportamento social identificado na teoria é a Ação Normativa. O conceito de uma ação regulada por normas deve ser compreendido no contexto de um grupo social que orienta suas atitudes por valores comuns. Exemplo onde essa ação comunicativa existe são os grupos religiosos, ideológicos, partidos políticos, associações, etc. O sujeito, como indivíduo, segue as normas estabelecidas, pois elas representam, para esse grupo, um acordo de atitudes do sujeito na sociedade. Na medida em que esse acordo normativo é transgredido, o grupo social vê-se na autoridade de repreender o transgressor (Schubert, 2006, p. 50).
O sistema de gerenciamento de fontes pode ser usado para esse tipo de ação. Se a chefia ou o grupo estabelecer uma norma de conduta com o sistema de gerenciamento, isso força ao profissional a responder a ele sob pena de punição pelo grupo, sem realizar uma avaliação racional e pessoal, mas sim adotará as atitudes qu
e determinado grupo educacional espera de cada integrante. Em um universo assim, o sujeito se relaciona com as normas, bem como com os outros sujeitos, a partir de inter-relações previamente estabelecidas.
Já a Ação Dramatúrgica, conforme Schubert (2006), acontece uma espécie de encantamento mútuo entre os diferentes sujeitos no exercício de seus papéis, ou seja, certa admiração entre o Mestre e seus alunos. Nela, existem dois universos, dois mundos, duas grandezas que interagem: o sujeito da ação e a platéia. O executor da ação dramatúrgica, no caso, pode buscar encantar os indivíduos a utilizar o sistema de gerenciamento digital e orientar os indivíduos a utilizá-lo da forma como prescrever, sem a crítica dos usuários.
A solução para burlar as conseqüências da Ação Estratégica, da Ação Normativa e da Ação Dramatúrgica, são utilizar esse sistema de gerenciamento como um instrumento de apoio organizativo à tarefa jornalística sendo, superior a esse instrumento, a Ação Comunicativa Orientada ao Entendimento. Nesse caso, as relações entre profissionais devem ocorrer de forma cooperativa, não autoritária. Essa cooperação, para ocorrer, deve ser através de pretensões de verdade, de correção e de sinceridade dos indivíduos. As pretensões de verdade referem-se aos aspectos do mundo objetivo, isto é, ao todo existentes. No caso, o universo noticioso e a relação entre colegas. As de correção, referem-se ao mundo social, ou seja, as relações interpessoais entre profissionais e fontes, nesse caso. Burlar essas regras, por exemplo, seria buscar no sistema de gerenciamento informações sobre determinada fonte para obter vantagens particulares. As pretensões de sinceridade são inerentes ao mundo subjetivo, moral, do indivíduo. É o universo de vivências que funda a sua interioridade.
Schubert (2006) resume que por meio da Ação Comunicativa Orientada ao Entendimento, o indivíduo direciona-se para três universos: a) aquilo que ele pretende que seja verdadeiro; b) na pretensão de corrigir determinada idéia ou conceito; c) na pretensão de ser sincero na mensagem que está transmitindo.

CONCLUSÃO


O resultado do questionário somado a conceituação histórica, de aspectos teóricos e deontológicos demonstrou ser possível construir um fluxograma para dar origem a um sistema de gerenciamento digital das informações essenciais ao jornalista para exercer sua profissão. O mesmo, para ser implantado, precisa de conversão para a linguagem UML (Unified Modeling Language), para, então, se tornar um software a ser aprimorado por pesquisas e pelo uso. Porém, a Teoria da Ação Comunicativa demonstrou que esse sistema de gerenciamento digital não pode ser utilizado sob aspectos das ações estratégicas, normativas e dramatúrgicas e, sim, ser um instrumento de apoio à profissão. Superior a esse sistema é a Ação Comunicativa Orientada ao Entendimento, que busca que os indivíduos atuem sob os preceitos da verdade, da correção e da sinceridade, sendo mais um elemento de apoio a grupos cooperativos.


REFERÊNCIAS


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NOTAS DE RODAPÉ

1Graduando em Comunicação Social: Jornalismo da Universidade Luterana do Brasil. E-mail: leandrodoro8@hotmail.com
2Orientador. Dr. Professor do Curso de Comunicação Social: Jornalismo da Universidade Luterana do Brasil. E-mail: claudioschubert@terra.com.br
3Conjunto de deveres profissionais de qualquer categoria profissional minuciados em código específico (LIMA JÚNIOR, 2006, p. 3)
4Esse sistema deve ser transposto para UML (Unified Modeling Language), servindo de base para definição de programas que serão utilizados na produção de softwares de pesquisa e validação qualitativa de fontes de informação jornalística. (LIMA JÚNIOR, 2006, p. 3)
5 “Jornalismo não é uma Ciência exata. Trata-se de uma atividade muito simples. Alia a técnica elementar dos antigos contadores de histórias à arte de descobrir o que está acontecendo de novo, para reproduzir os fatos de uma forma capaz de despertar o interesse dos outros, e todos possam entender” (KOTSCHO, 1999, p. 97).
6Como manter as idéias claras.
7O mesmo texto das agências era utilizado por milhares de jornais de todas as partes do mundo. Cada um deles fazia uma avaliação diferente da importância de cada notícia e do espaço que ela deveria ocupar. As agências precisaram criar a fórmula da pirâmide invertida para que cada jornal pudesse fazer os cortes necessários nos textos para adaptá-los às suas necessidades, sem perderem as informações fundamentais. Daí, a colocação dos dados em ordem decrescente de importância. O corte poderia ser feito “pelo pé”, numa operação rápida, sem perda de substância informativa (SILVA, 1998, p.110).
8O exercício cotidiano de empilhar o lead e a pirâmide invertida faz com que o jornalista perca a sensibilidade e a percepção para sutilezas e os meandros da realidade que envolvem a notícia e exercite mecânica e acriticamente uma tarefa tão vital para a sociedade. O jornalista pós-moderno transformou-se numa máquina de produção, de informação, um operário com demandas estipuladas e prazos de entrega a cumprir... O jornalista da era pós-moderna anula o senso crítico e a capacidade de reflexão e permite-se o ato de submeter o lead e a pirâmide invertida à lógica de mercado”. (MARSHALL, L.: 2003, p.32).
9Segundo o Manual de Redação e Estilo do Estado de São Paulo, “chama-se pauta tanto o conjunto de assuntos que uma editoria está cobrindo para determinada edição do jornal como a série de indicações transmitidas ao repórter, não apenas para situá-lo sobre algum tema, mas, principalmente sobre os ângulos a explorar na notícia” (MARTINS, 1997, p. 214).
10Os jornais utilizam freqüentemente os releases (matérias prontas enviadas pelas assessorias), consultam repetidamente por telefone fontes oficiais e com essas práticas acabam excluindo determinados setores das páginas dos jornais. Constata-se uma distância cada vez maior entre as fontes não oficiais e as redações dos jornais impressos. Percebe-se, por diversas sinalizações, que a apuração da informação jornalística tem se dado muitas vezes distante dos protagonistas do fato social (LAGE, 2001, p. 25-26).
11Guardadas as devidas proporções, o comportamento dos jornalistas dentro, e muitas vezes fora, dos jornais assemelha-se ao dos membros da corte francesa no século XVII (Elias, 1987) . Os nobres almejavam aumentar seu prestígio e status junto ao rei e, para isso, precisavam do reconhecimento real e dos seus pares, obtido em boa medida pela utilização correta da etiqueta correspondente à posição social que ocupavam na hierarquia da corte.
12As sugestões dadas foram as seguintes: (1) leitura contumaz de assuntos diversos; (2) dedicação constante, vontade de conhecer pessoas, ouvir suas histórias e transformá-las em matéria, acreditar na pauta – não existe matéria perdida – e respeito a toda e qualquer pessoa; (3) psicologia, história, sociologia, economia, lingüística e antropologia como elementos essenciais na área de ciências humanas; (4) boas fontes nos órgãos de segurança pública para ser informado sobre os fatos criminais logo após acontecerem. Também é necessário conhecer a lei penal e ter relações com advogados, promotores e outros profissionais dessa área (nesse último caso, a resposta foi dada pelo jornalista da editoria de polícia).